Desembargador marca audiência de conciliação entre sindicatos da Uern e governo do Estado
O principal ponto de insatisfação dos professores e técnicos com relação à proposta do Governo foi a exclusão dos servidores aposentados no recebimento de verbas indenizatórias no valor nominal correspondente ao percentual de 12,035%.

Muitos professores compareceram à assembleia realizada na manhã de ontem e rejeitaram proposta do Governo, mesmo após judicialização – Foto Ednilto Neves
O pedido de ilegalidade da greve dos servidores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), protocolado às 8 horas de ontem, 8, pelo Governo do Estado, não inibiu o movimento dos professores e técnicos administrativos. Em assembleia bastante acalorada minutos depois do pedido de judicialização, os docentes decidiram, por ampla maioria de votos, continuar a paralisação, que já dura mais de quatro meses. A mesma decisão já havia sido tomada pelos técnicos.
No final da tarde de ontem (08), o desembargador Cornélio Alves, antes de apreciar o pedido liminar, marcou uma audiência de conciliação para o dia 16 de outubro, às 9h, na sede do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.
Dos mais de 200 professores presentes à assembleia, realizada na sede da Associação dos Docentes da Uern (ADUERN), ampla maioria votou favoravelmente pela recusa da proposta feita pelo Governo do Estado na sexta-feira passada e, consequentemente, pela continuidade da paralisação.
O principal ponto de insatisfação dos professores com relação à proposta do Governo foi a exclusão dos servidores aposentados no recebimento de verbas indenizatórias no valor nominal correspondente ao percentual de 12,035% do vencimento básico. Em defesa deles, o comando de greve busca a igualdade entre os aposentados e os ativos e, portanto, a proposta deve ser extensiva aos dois.
O presidente da Aduern, professor Lemuel Rodrigues, apresentou uma contraproposta formalizada pelo comando de greve e aprovada pelos docentes para ser exposta ao Governo. O documento apresenta condições para a implementação do auxílio proposto pelo Estado. Entre elas constam a substituição da nomenclatura para Auxílio Gratificação Universitária (AGU), a extensão do benefício para os ativos e aposentados; aplicação de maneira provisória e ainda que o valor nominal do auxílio deve ser correspondente ao valor que seria obtido no caso do reajuste (incidir sobre vencimento básico, quinquênio, titulação, adicional de incentivo de ensino superior).
Durante a assembleia, era notória a insatisfação dos docentes que utilizaram o espaço para expor o sentimento de revolta com a proposta apresentada. Discursos emocionados e acalorados fizeram parte dos relatos na manhã de ontem. A professora Eliana Filgueira definiu a proposta como indecente e pediu aos colegas que não admitissem “que algo assim fosse aprovado. Não podemos aceitar que os aposentados sejam desprezados dessa forma. Estão querendo destruir a Uern, mas não vão conseguir porque nós não vamos deixar que isso ocorra”, disse.
Já o professor Valdomiro Morais, ex-presidente da Aduern, também demonstrou sua opinião e dizendo que “o Governo está fechando os ouvidos para a Uern. Apresentou essa proposta como se fosse nova… a chefe de gabinete do Estado se comporta como se esse tivesse sido o primeiro encontro entre os servidores e o Governo, mas nós devemos lembrá-la de que já nos reunimos 14 vezes em audiências que não avançaram devido à irresponsabilidade da gestão estadual”, declarou.
Os docentes devem encaminhar nova contraproposta ao Governo contendo os pontos a serem acordados. Entre os tópicos estarão o auxílio com retroativo a maio, incorporação do auxílio até janeiro de 2016 e o compromisso do Governo de enviar o projeto de lei para a Assembleia Legislativa para a implementação do PCS a partir de abril de 2016, com possibilidade de parcelamento dos reajustes em 2016, 2017 e 2018.
Técnicos administrativos mantêm paralisação
Ainda na manhã de ontem, os técnicos administrativos da Uern realizaram assembleia e o resultado também foi favorável pela continuação da greve. O encontro ocorreu no auditório da Faculdade de Medicina.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Técnicos e Administrativos da Uern (SINTAUERN), Elineudo Melo, foi deliberado pela assembleia a aprovação de uma contraproposta, a qual foi elaborada pelo Comando Unificado das Categorias. O documento será encaminhado à Reitoria da Uern, que fará chegar ao conhecimento do Governo, dando assim seguimento às negociações.
Os técnicos também foram informados durante a assembleia sobre o pedido de ajuizamento visando à declaração de ilegalidade da greve, a qual deverá ser analisada pelo desembargador Cornélio Alves.
“Nós não podemos concordar com essa sugestão do Governo de não abranger os aposentados. Enquanto Sindicato, é nosso dever lutar pelo direito de todos, sejam aposentados ou ativos”, declarou o presidente do Sintauern.