FEIRA DO LIVRO...
Tem início no West Shopping a 9ª Feira do Livro de Mossoró
Ednilto Neves
Aberta oficialmente na noite de ontem, 7, a 9ª Feira do Livro de Mossoró (FLM), se estenderá até o próximo domingo, 11. Pela primeira vez, o evento está sendo realizado no Mossoró West Shopping.
A cerimônia de abertura ocorreu na sala 2 do Multicine e contou com a presença do consagrado autor de literatura infanto-juvenil Pedro Bandeira, que possui mais de 80 títulos publicados e veio participar do evento para atender aos pedidos dos professores, segundo havia informado o coordenador da FLM, Rilder Medeiros, em entrevista anterior à GAZETA DO OESTE.
As professoras Lindaci da Silveira e Poliana Raposo vieram de Apodi para conferir a programação inicial. As duas, que são professoras da rede estadual, contam que, infelizmente, na cidade onde lecionam não são desenvolvidas iniciativas como essa e, embora exista vontade por parte dos docentes, não há transporte para vir para Mossoró. Assim, aproveitaram a oportunidade para vir por conta própria.
O objetivo principal era prestigiar a palestra de Pedro Bandeira. “A gente sente que é importante e é um privilégio muito raro ter Pedro Bandeira na porta de casa”, afirma Poliana Raposo. Além, disso, para ela, participar de um evento como esse faz com que, como profissional, volte para casa com novas ideias.
Mas as duas professoras chegaram bem antes da abertura oficial, para conferir os outros atrativos do evento. Elas trouxeram o sobrinho Felipe, de oito anos; e Poliana trouxe ainda o filho Pedro, de 11 anos.
Para Felipe, o que mais chamou a atenção foi o livro em 3D. “O que se move”, diz ele.
A obra infantil é um dos recursos desenvolvidos por editoras para chamar a atenção dos novos leitores, como conta o responsável pelo estande de uma das editoras, Goldman, o ‘mágico’, nome com o qual ele mesmo se apresenta.
Essa é a forma utilizada por ele em todos os eventos literários do Brasil onde adquire estande para expor os livros da editora que representa. Goldman está em Mossoró pela segunda vez. O ‘forte’ do estande até o momento são as mágicas realizadas por ele e os livros em 3D. Compostos, principalmente, por gravuras que dão a impressão de movimento através do recurso disponibilizado em conjunto com as obras, eles levam às crianças temas como transporte, animais do fundo do mar e zoológico.
Durante o dia, a movimentação foi tranquila. De acordo com Mariane Melo, que trabalha no estande de outra editora presente no evento, o primeiro dia é sempre tranquilo e, em comparação aos outros anos a presença do público foi equivalente. Mônica Cristina, que trabalha com Mariane, comenta que ao dia professores e alunos já passaram pelo local para conferir as obras disponibilizadas.
Para Mônica, a expectativa é boa pelo fato de o evento ser realizado no shopping. Mariane Melo acrescenta que, como o público-alvo do estande é de professores, é compreensível que, nesse primeiro momento alguns não possam ir ou compareçam apenas para pesquisar.
Para Robério Ponte Ferreira, responsável por uma editora especializada em literatura infanto-juvenil, a movimentação também está dentro das expectativas, para o primeiro dia de evento. Porém, se o resultado será bom ou ruim só ao final da Feira será possível dizer.
Segundo Robério, que participou de outras edições do evento literário, docentes e alunos são os que mais adquirem livros durante o evento.
As professoras Liege Brito, Evani França, Lídia Medeiros e Socorro Oliveira aproveitaram o primeiro dia da Feira para escolher os livros que queriam adquirir. As docentes aprovaram a mudança do evento para o West Shopping. “Ficou bem melhor, porém, diminuiu o número de estandes”, comenta Evani Brito.
Como são professoras da rede municipal, elas recebem cheque-livro e já utilizaram o bônus. Liege considera que há variedade de títulos, porém esperava mais novidades.
Cerca de 30 expositores estão presentes na feira literária, como havia informado Rilder Medeiros. Para a gerente de marketing do West Shopping, Janaína Barrosa, está sendo muito positivo receber o evento no centro comercial. Ela conta que a iniciativa partiu de um convite de Rilder Medeiros, que fez a proposta desde o ano passado, quando não foi possível sediar a FLM. Este ano, o convite foi refeito e alguns espaços do shopping cedidos para Feira. O evento se distribui ao longo dos corredores, lojas que estavam vazias e que foram adaptadas para sediar a secretaria da FLM e um auditório, além de outros participantes.
De acordo com Janaína Barrosa, o shopping realizou algumas adaptações, como a montagem de uma brigada e reforço na segurança. Além disso, hoje e amanhã o local abre uma hora mais cedo, em decorrência da Feira do Livro de Mossoró, ou seja, às 9h.
Cordel tem lugar de destaque no evento
Dentro da Feira, um dos espaços mais tradicionais é o da Literatura de Cordel. Na tentativa de manter viva a cultura nordestina, todos os anos autores de Mossoró e região expõem seus títulos durante o evento. Obras que tratam de duras realidades ou de fatos do cotidiano, imprimindo às histórias um olhar de emoção ou de comédia.
Desde 2007 que o cordelista Toinho de Zezé expõe seu trabalho. Aliás, o primeiro ano de exposição coincide com o ano em que produziu o seu cordel de maior destaque, ‘80 anos de resistência de Mossoró ao bando de Lampião’, um dos 60 títulos publicados por ele. Produzir e apresentar cordéis é um modo de preservar as raízes de uma das nossas formas de expressão popular. “Nós temos a nossa cultura, que a gente vem mantendo, o Sertão, o romance”, comenta Toinho de Zezé.
Geralmente, quem mais procura pelos cordéis são as pessoas mais velhas e os jovens e crianças quando buscam as obras o fazem para presentear alguém. Mas o próprio cordelista admite que isso está mudando e que os livros de narrativas curtas já chamam a atenção de crianças e adolescentes.
Essa mudança se dá através de iniciativas como a de Nildo da Pedra Branca, que há oito anos desenvolve um projeto voluntário em escolas de Mossoró. Como todo bom cordelista, ele já transformou a experiência em um cordel. ‘A vida de um professor’, segundo Nildo, foi escrito com base no que observou no dia a dia dos docentes.
Além deste, outra obra produzida e destacada por ele é ‘O duelo de um bebo e um crente mal educado’. “É um gracejo, um pouco de comédia, sem usar palavrão e que faz o bom leitor sorrir”, diz o autor.
Ele, que descobriu no cordel o prazer pela leitura, busca despertar nas crianças e jovens o dom das rimas. “Eu fui alfabetizado lendo cordel e comecei a estudar depois dos 30”, conta.
Entre as iniciativas desenvolvidas por ele, Nildo da Pedra Branca ministra oficinas para crianças e adolescentes que querem presentear os pais com versos, através do projeto do West Shopping ‘Meu pai virou cordel’.
“Começou no dia 1º e recebeu mais de 300 crianças e delas apenas 20% não conseguiram escrever uma quadra ou uma sextilha”, menciona. As oficinas funcionam da seguinte maneira, as crianças começam a dizer as palavras que querem utilizar e o cordelista reúne todas e, junto com o pequeno aprendiz vai espalhando-as pelo texto, indicando o melhor lugar para cada uma delas. Mas quem não consegue falar também encontra o que fazer. De acordo com Nildo, elas vão pintar as xilogravuras, arte que dá vida a capa do cordel. O resultado é levado para casa, para presentear os pais. Mas, para Nildo, mais do que um presente, essa é uma forma de incentivar. “Tem deles que chegam na cara de pau e dizem ‘Quero fazer um cordel’”, conta o ministrante.
‘Nosso jeito’ se apresenta durante FLM
Além de palestras, exposição de cordéis e de editoras, a programação da Feira do Livro de Mossoró conta com mesas-redondas e apresentações culturais. Ontem, houve apresentação do grupo ‘Nosso Jeito’, do projeto ‘Amigos da Música’, desenvolvido pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). O grupo emocionou e animou o público presente, com a apresentação da música ‘Feliz quem crê no amor’.
A coordenadora do projeto, Maria Jandira Silva, informa que a banda conta com 25 componentes e com vários instrumentos musicais, como pandeiro, teclado, violão e atabaque.
Ela, que é autora da letra da música e conta com melodia do tecladista Ronaldo Alves, diz que a ideia foi montar uma banda que tivesse o jeito das pessoas que compõem a instituição. Esse trabalho que se realiza como forma de expressão corporal, ajuda também a desenvolver os sentidos dos alunos.
Henrique Francisco faz parte da banda. “Gosto, acho bom”, diz ele, que é recém-chegado a instituição.
Após se apresentarem, os alunos permaneceram no shopping para conferir um pouco da programação da Feira.
GAZETA – Pelo nono ano, o jornal GAZETA DO OESTE participa da programação da Feira do Livro de Mossoró. Hoje a programação do estande contará com recital dos alunos da Escola Municipal Marineide Pereira, produção de origami e contação de histórias com participação da Escola Municipal Antônio da Graça Machado, jogos literários, apresentação do jornal escolar da Escola Municipal Marineide Pereira e de apresentação de cordel com cadernos da GAZETA DO OESTE por parte da Escola Municipal Dinarte Mariz. À noite haverá palestra ‘A formação do leitor’ e lançamento literário.