Provável reforço do Vasco, Cris é o nome que faltava para fechar a defesa para o restante da temporada. Experiente, com uma Copa do Mundo no currículo e disposto a dar a volta por cima em São Januário. As dificuldades que o zagueiro de 36 anos vem atravessando, no entanto, podem ligar o sinal amarelo sobre o nível do reforço que o clube está prestes a contratar. Ao seu currículo de respeito, somam-se agora perda de prestígio, críticas por excesso de violência e ironias e passagens sem brilho por Galatasaray e Grêmio recentmente.

Os torcedores cruz-maltinos parecem estar dispostos a dar um voto de confiança a Cris. Talvez também por causa da escassez de opções no elenco para o Brasileirão e para a Copa do Brasil, a enquete promovida pelo GLOBOESPORTE.COM indica 76% de aprovação à negociação, contra 24% que não gostaram da escolha. Foram quase 17 mil votos, ao todo.

A tendência é que o zagueiro desembarque no Rio de Janeiro nos próximos dias, após rescindir com o Tricolor gaúcho, para fazer exames médicos e assinar até dezembro. Ele ainda treinou no Sul nesta sexta. O acordo já foi discutido por telefone com o diretor de futebol Ricardo Gomes. O técnico Dorival Júnior deu o aval, e faltam apenas detalhes contratuais.

Para quem chegou em janeiro com o moral de xerife para liderar o time de Vanderlei Luxemburgo - chamado de pai pela parceria na década de 90 - na última Libertadores, a perda de prestígio de Cris foi surpreendente. Dois erros contribuíram para a campanha irregular na fase de grupos, além das duas expulsões (confira acima o vídeo da expulsão contra o Flu) que apagaram um relativo bom começo, quando a defesa era pouco vazada.

Barrado, viu o jovem Bressan se firmar e foi perseguido pela torcida. Prova disso foi o que vivenciou ao visitar a delegação da França na Arena Grêmio, antes do amistoso entre a seleção brasileira e os europeus, no início de junho. Lembrado pelas entradas duras, ouviu vaias de torcedores. Um chegou a gritar "pênalti!" assim que o zagueiro adentrou a área. Questionado por jornalistas a respeito desta relação, irritou-se com a incoveniência e encerrou a entrevista.

Passado de glórias no Lyon e declínio

Cris atingiu o ápice da carreira ao formar com Juninho Pernambucano, a quem reencontrará no Vasco, um grupo histórico no Lyon. Participou do título do Campeonato Francês em quatro das sete vezes consecutivas, quase sempre como titular. Antes, havia sido multicampeão por Corinthians e Cruzeiro, além de ter sido emprestado brevemente ao Bayer Leverkusen, da Alemanha.

O alto nível começou a cair por volta de 2010. Com 33 anos, perdeu espaço no time francês e acabou negociado com o Galatarasay, da Turquia, onde foi recebido como ídolo em 2012. A boa relação com torcida, dirigentes e treinador, porém, não suficiente para suas atuações voltarem a ser elogiadas. Foram apenas dez partidas - oito delas como titular - e um gol.

Ao se despedir, Cris fez questão de enaltecer o carinho que recebeu:

- O Galatasaray terá sempre um lugar especial no meu coração. Eu aprendi a amar o clube e o país encantador que é a Turquia enquanto estive aqui - declarou.

O jorbalista Emre Sarigul, editor da revista "Turkish Football", analisa assim sua passagem:

- Cris foi uma transferência de emergência, pois o Galatasaray entrou em pânico quando Ujfalusi (da seleção tcheca) ficou machucado e queria um reforços semelhante, um zagueiro experiente para substituí-lo. Cris perdeu a maior parte da preparação de pré-temporada e não se encaixava bem com o estilo de jogo. Cris trabalhou duro quando dada a oportunidade, mas, como eu disse, a transferência não foi bem pensada.