Ministério Público já está de olho na intenção da Prefeitura de Mossoró de antecipar receitas
- Publicado em 10 de Novembro de 2015
- : por Redação

Em resposta ao pedido dos vereadores para que o MP acompanhe o assunto, que foi o motivo da reunião, Tatianne Brito revelou que as três promotorias do Patrimônio Público de Mossoró (10º, 11ª e 7ª) já estão tratando internamente do caso. Participaram da audiência os vereadores Genivan Vale (Pros), Francisco Carlos (PV), Tomaz Neto (PDT) e Vingt-un Rosado Neto (PSB), da bancada de oposição.
"Essa demanda já está no Ministério Público para ser distribuído, por sorteio, ao promotor que fará a análise. Embora o Ministério Público ainda não tenha entendimento oficial sobre essa questão, compreendo que se trata de um procedimento de controle de legalidade, e não de improbidade", comentou Tatianne Brito.
A visão foi compartilhada pelos vereadores presentes à reunião. "A antecipação, que é empréstimo, não é um procedimento ilegal, não somos contra. O que reivindicamos é que a Prefeitura informe quanto pretende antecipar e como e onde aplicará esses recursos", explicou o vereador Francisco Carlos.
A promotora reconheceu ser legítimo o pleito dos vereadores. "Por mais que a operação seja dentro da lei, não quer dizer que o controle preventivo não possa ser feito", comentou Tatianne Brito, que elogiou a postura dos parlamentares de acompanhar o assunto e se preocupar com a aplicação dos recursos.
"Claro que não queremos dizer como e onde o prefeito deverá aplicar os recursos. O que queremos é que ela apresente o plano de aplicação do dinheiro", afirmou Genivan Vale. "Nossa intenção não é criar dificuldades para o Governo Municipal, mas que as coisas sejam realizadas de forma transparente", disse Vingt-un Neto.
SEM INFORMAÇÕES
Segundo os vereadores, o projeto enviado pela Prefeitura à Câmara Municipal, semana passada, pedindo autorização do Legislativo para fazer a antecipação dos royalties, não informa o montante nem a destinação dos recursos. Toda essa discussão seria evitada, conforme a bancada de oposição, se essas informações básicas constassem no texto original.
Para esclarecer essa e outras questões, a Câmara confirmou para segunda-feira (16), às 9h, audiência pública para discutir o projeto de antecipação dos royalties, por proposição da vereadora Izabel Montenegro (PMDB). Com isso, a votação do projeto, prevista para acontecer esta semana em regime de urgência especial, só deverá acontecer próxima semana, após a audiência pública.
Vereador quer consulta popular sobre antecipação
O vereador Tomaz Neto (PDT) protocolou, ontem, o Projeto de Decreto Legislativo nº 135/2015, convocando plebiscito para decidir sobre a antecipação dos recursos dos royalties provenientes da exploração de petróleo e gás.
A proposta estabelece que a consulta popular será feita no prazo de 180 dias, em data a ser decidida pela Prefeitura e que, até lá, a tramitação do projeto (nº 1.173/2015) fica suspensa na Câmara Municipal.
Caso o resultado seja contrário ao recebimento antecipado das receitas, a análise do projeto será encerrada no Legislativo, que arquivará a proposta. Se for a favor, a tramitação ocorrerá normalmente.
"Como o projeto do Executivo se trata apenas de um pedido de autorização sem a menor preocupação com o gerenciamento financeiro, a população de Mossoró precisa opinar sobre os propósitos da municipalidade e, principalmente, sobre seu futuro", justifica o vereador.
Tomaz Neto argumenta que a proposta da consulta popular não é estranha às competências da Câmara de Mossoró. "A Lei Orgânica Municipal preconiza que é função do Legislativo fiscalizar a questão financeira da Prefeitura, mediante sistemas de controles internos e externo", sustenta.