Mossoró celebra os 132 anos da libertação dos seus escravos com a tradicional Festa da Liberdade
- Publicado em 27 de Setembro de 2015
- : por Redação

"A data é tão importante que se sobrepõe, em nível de comemoração, à Emancipação Política de Mossoró. O feriado enfatiza isso, demonstrando o quanto o povo mossoroense celebra essa conquista", enfatiza o historiador Geraldo Maia do Nascimento.
O feriado municipal foi instituído pela Lei nº. 30, de 13 de setembro de 1913, sendo que Mossoró libertou seus primeiros 40 escravos no dia 10 de junho de 1883, por meio da Sociedade Libertadora Mossoroense que, na ocasião, estabeleceu ainda que até o dia 30 de setembro daquele ano fossem livres todos os 86 negros não livres existentes na cidade.
No dia 29 de setembro, Joaquim Bezerra da Costa Mendes, presidente da Sociedade, enviou à Câmara Municipal um ofício onde informava que a proclamação da liberdade em Mossoró iria acontecer no dia 30 a partir do meio-dia, o que foi prontamente acatado.
Apesar de celebrado e propagado por várias décadas, pela população e por memorialistas, alguns historiadores não veem motivos para a comemoração. Segundo apontamentos do memorialista Raimundo Nonato, no seu livro "História Social da Abolição em Mossoró", em 1862, Mossoró tinha apenas 153 escravos, um número considerado baixo para a população da época, que era de 2.493 pessoas.
Ainda, segundo levantamentos da época, a cidade não tinha engenhos, e os escravos ajudavam os seus senhores apenas na lida com o gado, o que não exigia muito de força humana.
Com a libertação dos seus escravos, a cidade passou a ser exaltada pelo feito e a partir de então, muitos escravos de outras regiões começaram a migrar para Mossoró no intuito de conseguir aqui a tão sonhada alforria.
Lei nº. 30, de 13 de setembro de 1913, que instituiu o feriado municipal completa 102 anos
“Ilustríssimos Senhores Presidentes e Vereadores da Câmara Municipal.
A Sociedade Libertadora Mossoroense, por seu presidente abaixo assinado, tem a honra de participar a V.Sªs. que, amanhã, 30 de setembro, pela volta de meio-dia, terá lugar a proclamação solene de Liberdade em Mossoró. E, pois, cumpre-me o grato dever de convidar V.Sªs. e seus respectivos colegas, representantes do município, para que se dignem de tomar parte nessa festa patriótica que marcará o dia mais augusto da cidade e do município de Mossoró. A emancipação mossoroense é obra exclusiva dos filhos do povo; a esmola oficial não entrou cá.
Sua Majestade, o Imperador, quando lhe comunicamos a próxima libertação do nosso território, foi servido de enviar a dizer-nos pelo Senhor Lafayette, Presidente do Conselho do Conselho de Ministros, que nos agradecia. A libertação está feita e ninguém apagará da história a notícia do nosso nome. Os mossoroenses são dignos de ser olhados com admiração e respeito hoje e daqui a muito tempo, por cima dos séculos.
A Sociedade Libertadora mossoroense se congratula com V.Sªs. por tão falto acontecimento. Deus guarde a V.Sªs. Ilustríssimo Senhor Romualdo Lopes Galvão, digno Presidente da Câmara Municipal desta cidade de Mossoró.
O Presidente Joaquim Bezerra da Costa Mendes, Sala das Sessões da Sociedade Libertadora Mossoroense, 29 de setembro de mil oitocentos e oitenta e três”.