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Não é novidade para nenhum mossoroense que as mudanças propostas pela Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) visando melhorar o trânsito no centro da cidade e que impedem a circulação de táxis intermunicipais no bairro, têm gerado grande prejuízo ao comércio da cidade, aquecido pela importante contribuição de milhares de moradores de cidade do interior.

Outro grande prejudicado pelas mudanças é o segmento dos taxistas, que tenta se reinventar para seguir atuando. De acordo com os motoristas, a queda no número de passageiros chega a 70% e muitos já pensam em desistir das viagens para Mossoró, que cada vez mais deixa de ser referência no comércio da região.

“Sentimos uma queda de 60% no número de passageiros, temos que nos desdobrar para conseguir fechar viagens completas. O que motivou isso foi a decisão do prefeito que impede que a gente busque passageiros no centro da cidade”, afirmou o taxista Marcláudio da Costa, que realiza viagens entre Apodi e Mossoró.

O taxista denuncia que os chamados “carros clandestinos”, veículos que atuam como taxista sem a devida regulamentação, permanecem circulando no centro da cidade, sem nenhuma fiscalização. “Enquanto somos multados e impedidos de circular, os clandestinos fazem a festa no centro da cidade”, critica.

O fiscal Luiz Almino, que atua na Associação dos Taxistas de Apodi (ATA), comenta que tem se tornado comum que os motoristas “rachem” passagem de mototáxi para seus clientes, a fim de não perder o passageiro. “Nosso passageiro é aquele que na maioria das vezes só tem o dinheiro para pagar suas passagens, quando muito para resolver suas pendências, não tem como gastar em táxi ou mototáxi”, afirmou.

Os motoristas de Governador Dix-sept Rosado, que estão alocados em uma praça no Alto da Conceição, reclamam que além da falta de passageiros estão abandonados, sem nenhuma condição de trabalho. Os passageiros também ficam expostos à falta de segurança e de estrutura. Segundo os taxistas, as quedas no número de viagens chegam a 70% .

“As pessoas estão deixando de vir a Mossoró, a situação está grave. Estamos jogados nesta praça sem nenhuma estrutura. Se quisermos urinar, temos que usar garrafas pet e depois jogar fora. Nossos passageiros têm que ficar aqui na mesma condição. Estamos sem nenhum segurança também”, explica o taxista Luiz Marcelino.

Para os taxistas de Caraúbas, que também estão alocados na mesma praça, a situação não é diferente. Eles denunciam uma queda que varia entre 50% e 60%. Eles explicam que muitos colegas buscaram regularizar seus carros para cumprir as exigências da PMM, mas que já começam a desistir de realizar viagens para Mossoró.

“A praça em que fomos alocados é um bom lugar, não fazemos questão nenhuma de voltar para aquela confusão, que é o centro da cidade. A questão é que não podemos ficar jogados aqui, sem nenhuma estrutura para trabalhar. Também não tem como se manter se não podemos buscar os passageiros”, comentou o taxista Antônio Carlos.

Os taxistas de Assú e Upanema também têm sofrido com as alterações. Eles, que já haviam denunciado no mês passado uma queda de 70% no volume de passageiros, continuam a ser severamente punidos pelo cerco imposto aos taxistas pela PMM.

“A situação aqui é grave. Sinto que as pessoas estão começando a esquecer Mossoró, já que podem fazer suas comprar em Pau dos Ferros, Caicó ou até mesmo Natal. Mossoró pode até deixar de ser uma cidade polo para as cidades do interior”, lembrou Nilton Fernandes, taxista assuense que afirma que seu ponto de táxi, no Parque de Exposições Armando Buá, não tem ajudado em nada na conquista de passageiros.

Outra vítima das repentinas e criticadas mudanças no transporte público de Mossoró são os passageiros de cidades do interior, que pouco a pouco deixam de vir a Mossoró. Aqueles que preferem ou precisam se deslocar a esta cidade enfrentam preços mais caros e dificuldade para viajar.

É o que relata a idosa Maria do Socorro Bezerra, moradora do sítio Camorim II, zona rural do município de Governador Dix-sept Rosado: “A mudança está péssima. Eles prometeram que os taxistas iriam cobrar R$ 3,00, mas na verdade acabo de pagar R$ 10,00 para ser deixada aqui. Um moto taxi cobra entre R$ 5,00 e R$ 8,00, dependendo de que local de Mossoró você esteja”, afirmou a senhora.

Silvério Bezerra, morador de Governador Dix-sept Rosado, foi abordado pela reportagem do O Mossoroense exatamente no momento que desembarcava de um mototáxi na praça em que os taxistas têm de esperar. Ele comenta que antes da mudança ele era pego em sua residência sem necessidade do gasto extra.

“Acabo de vir para cá meu pai, cada um pagou R$ 5,00, um aumento de R$ 10,00 no valor total da viagem. Agora vamos pagar mais R$ 10,00 cada para chegar até Governador. Estamos tendo que nos acostumar com essa nova e mais cara modalidade de viagem”, concluiu o passageiro.