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O deputado federal Walter Alves defendeu na semana passada uma ampla discussão interna no PMDB para definir os rumos do partido com relação à gestão Carlos Eduardo Alves. Se será aliado e abre mão da candidatura própria no próximo ano, ou se continua independente, pensando em lançar um nome para o próximo ano. Porém, o compromisso de discussão que foi assumido pelas lideranças peemedebistas que se pronunciaram nos últimos dias, parece ter ficado de lado. Hoje, o partido já se comporta como mais um da bancada do prefeito, inclusive participando da gestão com a indicação de nomes.

Não percebeu? Fica fácil constatar isso diante das últimas notícias. O empresário Fred Queiroz, por exemplo, foi escolhido nesta semana para assumir a Secretaria Municipal de Turismo, substituindo Fernando Bezerril. A pasta, vale lembrar, já estava empenhada ao PMDB há um bom tempo. Desde que o peemedebista Henrique Eduardo Alves começou a ser cogitado para o Ministério do Turismo, o prefeito havia, em conversas de bastidores, prometido a indicação para o titular da Secretaria caso Henrique fosse mesmo oficializado.

Efetivado na semana passada no Ministério, Henrique teria, então, confirmado a indicação de Fred Queiroz, empresário ligado ao setor e que já foi adjunto do turismo durante a gestão Wilma de Faria. Segundo a jornalista Thaisa Galvão, inclusive, os peemedebistas Walter Alves e Garibaldi Alves Filho teriam rubricado a indicação, aumentando ainda mais a participação das lideranças na gestão Carlos Eduardo Alves – antes de qualquer discussão.

Contudo, isso não quer dizer que os vereadores estão alheios a essa situação toda. Notícia publicada nesta semana pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Natal mostrou que, para a gestão Carlos Eduardo Alves, já não há dúvida que o PMDB é aliado. Afinal, deixou claro que a reunião realizada entre o prefeito e os vereadores (dentre eles, os três parlamentares peemedebistas) teria sido, na verdade, um encontro de Carlos Eduardo com sua bancada governista, para cobrar apoio a aprovação de projetos do Executivo.

No texto oficial da Secretaria Municipal de Comunicação, inclusive, foram citados, individualmente os presentes, como Felipe Alves, Ubaldo Fernandes e Bertone Marinho. Na ocasião, Carlos Eduardo explicou aos vereadores a necessidade de aprovar o projeto envolvendo a Dívida Ativa, destacando que a matéria ajudará a amenizar a difícil situação financeira enfrentada pela Prefeitura do Natal. Ele revelou que o desequilíbrio orçamentário do Município se acentua mês a mês, pois as receitas não acompanham as crescentes despesas. De acordo com as previsões feitas pelos técnicos da Secretaria Municipal de Tributação, a arrecadação municipal em 2015 será a mesma do ano passado.

Os três vereadores peemedebistas, ao aceitarem a citação como integrantes da base aliada, já mostram que mudaram de opinião. Afinal, há um passado bem recente, todos eles se diziam “independente” na Câmara Municipal de Natal. Felipe Alves, por sinal, chegou a ser cotado para assumir a liderança do prefeito na Casa em março, mas negou se dizendo, justamente, independente e não um integrante da base aliada.

Ubaldo Fernandes e Bertone Marinho foram além. Questionados sobre o futuro do partido, os dois vereadores chegaram a defender a candidatura própria do PMDB nas próximas eleições. Ou seja: eram contrários a união oficial a gestão Carlos Eduardo Alves. “O PMDB é grande e representativo no Rio Grande do Norte e no País inteiro, daí ter plenas condições de apresentar um nome competitivo em 2016 para prefeito de Natal”, afirmou Bertone na ocasião.

“O PMDB foi às ruas, levou a eleição para o 2º turno em 2012 e é detentor de um legado importante na capital do Estado que deve ser preservado”, afirmou o parlamentar, acrescentando que “essa preservação deverá ser feita com o partido apresentando candidatura própria para prefeito de Natal”.

Ubaldo Fernandes também fez comentários nessa linha e, na ocasião, defendeu a ampla discussão em torno do futuro partidário. Essa postura de resistência – somada ao atraso na nomeação de Henrique Alves – fez o assunto, em março, esfriar e ser esquecido momentaneamente, só rendo retomado na semana passada, quando o líder do PMDB assumiu o Ministério.

O único que, até o momento, não se manifestou, nem participou da escolhas de nomes peemedebistas na gestão Carlos Eduardo Alves foi, justamente, o atual presidente do Diretório Municipal do partido, o deputado estadual Hermano Morais. Ele, que foi o candidato da sigla no pleito de 2012 e surpreendeu ao chegar ao segundo turno contra o atual prefeito, vinha defendendo a candidatura própria do PMDB, também, no pleito de 2014, ou, pelo menos, uma discussão ampla antes de qualquer tomada de decisão.

A cena surpreendeu, mas está longe de ser uma exclusividade do Partido Verde. Afinal, quem estranhou ao ver o vereador pevista Luiz Almir, que nesta sexta-feira assumiu a presidência do Diretório Municipal da sigla, afirmar, ao lado do prefeito Carlos Eduardo Alves, que não descartou totalmente sua candidatura a prefeito de Natal em 2016, é porque não sabe que, na base de sustentação do PDT na Câmara, a outras siglas também com potenciais nomes para a Prefeitura no próximo ano. Entre eles, o PSDB, o SDD e, ainda, o PMDB.

O caso de Luiz Almir, realmente, é o mais emblemático. O ex-senador Paulo Davim, presidente estadual da sigla, tem dito e repetido que o projeto do PV é lançar um candidato a prefeito de Natal na próxima eleição, o que ocorre desde a prefeita Micarla de Sousa. Luiz Almir, principal nome do partido na capital do Estado, seria a opção “automática” pevista. E o próprio parlamentar se encarrega de não descartar tal situação, mesmo se portando hoje como um vereador da base de Carlos Eduardo Alves – de quem foi adversário também na disputa pela Prefeitura de Natal no passado – e tendo o próprio prefeito entre os convidados de seu evento de posse no Diretório Municipal do PV.

O Partido Verde, que enfrentou quatro anos de oposição Carlos Eduardo quando teve a prefeita Micarla de Sousa no governo municipal, não é exceção na base aliada do prefeito. Os vereadores Aroldo Alves e Dickson Nasser Júnior se portam como aliados, integrantes da base de sustentação do prefeito. Contudo, pertencem ao PSDB, que tem o deputado federal Rogério Marinho como pré-candidato a prefeito do próximo ano.

Outro partido que está em situação semelhante é o SOLIDARIEDADE, que tem uma única representante na Câmara Municipal de Natal: a vereadora Eudiane Macedo. Ela, que deixou o PHS porque o partido virou oposição ao prefeito, está numa sigla presidida em Natal pelo deputado estadual Kelps Lima, outro apontado como potencial candidato a prefeito de Natal.

Por fim, apesar do partido já dar mostras que vai ficar mesmo com Carlos Eduardo e não arcará com a responsabilidade de uma candidatura própria, está o PMDB, do deputado estadual Hermano Morais. Presidente do Diretório Municipal do partido, Hermano foi cotado por muito tempo como candidato natural da sigla no próximo ano e, até o momento, não abriu mão oficialmente dessa condição.